Sobre os Sistemas

Jim Morrison, autor de Break on Through, um hino da quebra de regras e paradigmas

Nossa sociedade possui grupos diversificados, e a cada um deles é dado um código de pertencimento. Chamemos esses grupos de "sistemas". São estruturas próprias de agrupamento de pessoas com idéias comuns e buscas individuais praticamente cerceadas em prol de um ideal fixo, universal, genérico. Dentro dos sistemas, a busca desse objetivo comum dignifica e gera status aos que mais se dão e aos que mais a alcançam objetivamente. Em termos gerais, o alcance desses interesses e a sua retenção são de caráter subjetivo, visto que diferentes sistemas podem apresentar valoração e mensuração dentro de escalas desproporcionais. Então, por exemplo, falando do sistema "família", é possível que um pai se orgulhe de seu filho médico enquanto outro se orgulhe de seu filho jogador de futebol. Normalmente a questão financeira é preponderante em quase todos os sistemas existentes.

Para que haja grau de pertencimento ao sistema é necessário obedecer a um conjunto de paradigmas ou corresponder a um código explícito proposto por esse sistema. A esse código chamaremos de "regra". A regra nada mais é do que comunicação. Ou seja, ela torna clara (comunica) o dispositivo ao qual todos os elementos que pretendem pertencer a determinado sistema precisam apreender e praticar. Visto que, segundo a Lingüística de Saussure, toda convenção e todo signo são arbitrários na comunicação, a regra também é arbitrária. Sua contradição está no fato de que a ela media e representa o todo, mas acaba gerando a necessidade de vigiar e punir, porque há elementos que pretendem pertencer ao sistema sem, com isso, submeter-se à regra. Para que seja mantida e não tolere controvérsias, a regra gera, então, a punição. É por meio de coerção que a regra se impõe aos casos diferentes, alheios à sua subordinação.

A úica forma de trasgredir efetivamente a regra é sair do sistema e estar fora de sua jurisdição. O expatriado não pode ser julgado segundo as normas de seu país. Quando se está fora da égide do sistema, a regra não se aplica, e a punição, portanto, não funciona.

domingo, 21 de setembro de 2008 às 08:09 , 1 Comment